segunda-feira, 30 de março de 2009

Pós-funcionalismo

O primeiro encontro do LABEARQ foi destinado à leitura e interpretação do texto escrito pelo arquiteto americano Peter Eisenman, pós-funcionalismo, publicado originalmente em 1976 na revista Oppositions 6.

O texto trata da construção de um novo termo criado pelo autor, o pós-funcionalismo. Essa nova expressão designa o período que comumente chamamos de pós-modernismo. Termo que, para Eisenman, é incoerente devido à inexistência de uma arquitetura moderna pregada em sua essência de rompimento com o passado.

Para o grupo, o primeiro problema encontrado para uma compreensão mais clara do texto, foi a falta de conceituação de termos, como moderno, modernismo, modernista, que o autor se apropria durante todo o discurso. Com isso ele parte do pressuposto de que todos conhecem as definições adotadas e que o entendimento do texto não ficará comprometido.

O principal argumento defendido pelo autor para justificar a sua posição é que a relação entre forma e função não é uma característica própria da arquitetura moderna, mas sim um conceito utilizado desde o período renascentista. Abordada dentro das teorias humanistas, que consistem justamente no equilíbrio entre a disposição interna e a elaboração formal, a arquitetura produzida antes do advento da industrialização apropriou-se da visão idealizada entre o homem e o mundo e buscou refletir na sua prática toda a responsabilidade do ser humano como o grande agente criador de tudo.

Como bem expressa o autor, no período industrial esse equilíbrio pareceu não existir. O funcionalismo da arquitetura pregada pelos modernos tentou romper com todo o resquício de articulação equilibrada entre forma e função (agora a primeira deveria ser consequência da segunda). Essa prática foi considerada como idealista e apenas permitiu que o funcionalismo fosse classificado como uma fase tardia do humanismo. Logo, a tão sonhada particularidade e inovação, ou “sensibilidade modernista”, almejada pela arquitetura moderna não encontrou no funcionalismo o seu grande expoente.

Na verdade, o grupo percebeu que a arquitetura moderna não alcançou em nenhuma de suas características essa “sensibilidade modernista”. Ela apenas sugeriu que fez algo diferente, quando não fez. Apenas forjou uma nova identidade que não conseguiu libertar-se do passado histórico, não conseguindo ser inovadora.

Esta sensibilidade proposta pelo autor e analisada pelo grupo, está justamente na substituição ou “virada” (como ele mesmo trata) do humanismo para o modernismo, alcançada nas vanguardas artísticas.

Eisenman não expõe o que seria essa “virada” do humanismo para o modernismo. Ele apenas indica que um dos sintomas seria o deslocamento do homem do centro do mundo e que o termo pós-funcionalismo inicia quando se tem a consciência de que existe uma nova sensibilidade.

O grupo concluiu que o autor não deixa explícito o que foi essa “virada” porque em muitos momentos não se tem consciência dessa mudança. Mas que isso foi feito de forma que o próprio autor possa construir a sua versão acerca do que seria essa passagem do humanismo para o modernismo.

Depois da leitura e interpretação do texto, foi levantado um questionamento acerca da produção do arquiteto Peter Eisenman, que será respondida ao final de todos os textos:

Qual característica predomina na obra do arquiteto Peter Eisenman? Forma ou função?

Escrito e postado por: Kamilla Moraes de Souza

Próxima leitura:

O fim do clássico: o fim do começo, o fim do fim.

terça-feira, 3 de março de 2009

INAUGURANDO O LABEARQ!

O LABEARQ surge como uma extensão das atividades acadêmicas desenvolvidas nas disciplinas de Teoria e Estética da Arquitetura 1 e 2 na FAU/UFAL. Ambas tem como objetivo desenvolver no aluno a capacidade de reflexão especulativa e crítica sobre o objeto estético arquitetônico. O carater teórico permite definir conceitos ou mesmo questionar os já existentes, conduzindo o aluno ao desenvolvimento de sua posição crítica diante da arquitetura, além de revisar sua postura no ato projetual. Sensibilizar, reflexivamente, o aluno sobre a conexão entre teoria e prática, a partir da discussão estética, é mais um desafio que se propõe.